Desenvolvimento de hipocondria em pacientes
com Neve Visual
Antes
de me aprofundar neste assunto, gostaria de dizer que me inspirei numa
reportagem que encontrei na internet, de uma portadora de Neve Visual que
sofria de hipocondria por falta de tratamento específico para a síndrome, e que
no desespero, a paciente passou a utilizar medicações diversas para se livrar
dos vários sintomas.
Comecei a me observar
também, e lembrei que sempre levei um arsenal completo remédios na bolsa. As pessoas levam geralmente um remédio para dor
de cabeça, para cólica e um curativo, para o caso de uma emergência (leia-se
cortar o dedo com papel sulfite).
Meu arsenal, incluía remédio para dor de cabeça
e enxaqueca, corticoides superpotentes (comprimido e pomada), comprimidos,
pastilhas e spray para dor de garganta. Todos os tipos possíveis de antiácidos
e Omeprazol caso os antiácidos não fizessem efeito. Curativos tamanho P, M e G
já prevendo a possível trombada nas belas calçadas de São Paulo. Remédios para
enjoo devido a tonturas. Dorflex e caso esse não funcionasse, levava também o
Tandrilax e aquele colírio para os olhos tipo lágrima artificial. Nem imagino
porque as pessoas me procuravam constantemente no trabalho para pedir
remedinhos. Sério, eu tinha um chefe que
brincava sempre, dizendo que eu era muito favorável às drogas legais.
Gracinhas a parte, venho fazer um
alerta aqui. Não está provado a ligação
entre a hipocondria e a Neve Visual.
Pesquisando, encontrei uma ótima definição para hipocondria:
“Pessoas
que sofrem de hipocondria costumam ter a convicção de ter uma doença, que
normalmente, são definidas como doenças não graves. Deste modo, interpretam
sintomas que elas sentem, como evidencias de um mal maior. Quando estas pessoas
consultam o médico, ou mesmo depois de exame físico e dos exames
correspondentes, não encontram nenhum tipo de evidência de algum tipo de
doença. “
Em exames realizados em pacientes
com Neve Visual, foram apontadas alterações neurológicas que comprovam a
existência da síndrome, contudo, temos que levar em consideração que as
pesquisas são muito recentes e que não se sabe, precisamente, até onde a doença
pode se agravar.
De fato,
não se pode considerar a Neve Visual uma doença altamente nociva. Claro que não
podemos desprezá-la, pois sabemos o quanto sofremos os sintomas, que são relativamente
frequentes.
Por outro lado, é difícil quando não temos uma
solução e procuramos os “jeitinhos” para tentar solucionar o problema. Acredito
que meu caso de hipocondria (já superada) seja algo relacionado em parte ao
fato de não dar a devida relevância à Neve Visual e seus sintomas e de procurar
medidas paliativas para alívio de um ou outro sintoma.
Era uma questão psicológica que precisei
superar. Para resumir minha situação, era uma busca obsessiva por controle não
só da síndrome, mas da minha própria vida. Aquela preocupação constante foi
plenamente superada com sessões de terapia.
É frequente ver pessoas desesperadas assim que
descobrem que possuem a Neve Visual. O medo de ficar cego, de se agravar de
forma irreversível e ficar à mercê das pesquisas, esperando a descoberta de
algum tratamento. E sejamos sinceros, se é difícil lá fora em outros países,
imagine aqui no Brasil, onde lutamos pelo tratamento de doenças mais comuns,
buscar por tratamento de uma doença rara é um objetivo intangível.
Portanto, se você descobriu que tem a Síndrome
da Neve Visual recentemente, primeiramente calma, sei o que você sente, mas
infelizmente não será aquele comprimido que está dentro da sua gaveta ou o
chazinho infalível de casca de cebola que vai te ajudar.
Sair por aí pesquisando na Internet
e ver que para uma determinada pessoa, o Alprazolam reduziu em 50% os sintomas e pedir para
seu médico te receitar, também não ajuda.
O que ajuda?
Aprender a conviver com a doença! Dou algumas
dicas no post sobre tratamento.